Geralmente quando iniciamos uma prática regular de Yoga, em algum momento, ouvimos sobre a união da essência individual com a essência divina e percebemos logo em seguida que não há diferença entre ambas. Em sânscrito, esta fusão tem o nome de Samadhi.
Samadhi pode ser claramente confundido, aumentado e distorcido quando ouve-se sem preparo ou didática pois, é uma experiência além do invólucro corpo-mente.
Na minha primeira aula de Yoga ouvi que Yoga é Samadhi. E, como praticante e professora, enalteço e reverencio a obra Yoga Sutras de Sri Patanjali que nos traz clareza, didática e coerência sobre o tema.
No 1º capítulo do Yoga Sutras, Sadhya Pada (o objetivo), Patanjali descreve através de frases curtas e cheias de significado (sutras) quando começa o Yoga e o que é Yoga. Ao longo do capítulo, inúmeras formas de Samadhi são pontuadas. Este antigo tratado fala minuciosamente sobre a mente humana- nossa maior dádiva quando bem usufruída e ao mesmo tempo, nosso maior pesar quando mal administrada.
Geralmente é um assunto que traz curiosidade para quem busca significado na existência humana, mas ao mesmo tempo, complexa pois, precisa de uma base e uma mente disponível para fazer sentido.
Patanjali generosamente nos mostra no 2º capítulo que é necessário ter uma prática e descreve um método, um caminho, um passo a passo. Ele sugere o Ashtanga, um caminho óctuplo, onde a mente do praticante será preparada. Os oito membros são:
1.YAMAS– relação com o mundo, domínio das impulsividades. São 5:
a) Ahimsa (não violência); b) Satya (veracidade); c) Asteya (não roubar); d) Brahmācārya (não desvirtuar a sexualidade); e) Aparigrāha (desapego);
2. NYAMAS– relação consigo mesmo; autodisciplinas. São 5:
a) Śaucan (purificação), b) Santosha (satisfação interna),c) Tapas (austeridade sobre si mesmo), d) Svādhyāya (auto estudo), e) Īśvara pranidhāṇa (entrega ao ilimitado);
3.ASANA– posturas psicofísicas;
4.PRANAYAMA– expansão da energia vital;
5.PRATHYAHARA– Consciência sobre as cinco fontes de alimentação (5 sentidos);
6.DHARANA– concentração;
7.DHYANA– meditação;
8.SAMADHI- Absorção final/ ultra consciência.
O caminho do Ashtanga Yoga auxilia o praticante a compreender o processo de sutilização que o Yoga propõe. Das formas mais densas às mais sutis, o iogui dedicado percebe gradativamente benefícios e mudanças positivas com o seu corpo, no seu dia a dia e na forma de perceber o mundo a sua volta.
A separação entre os homens e a natureza foi criada pela mente humana, e o Yoga surge para mostrar que uma vida em conexão (em todos os aspectos) nos torna mais conscientes, integrados e felizes, revelando o estado de União que está presente a cada segundo da existência. Só precisamos nos despertar.