Apesar da prática de Hatha Yoga (yoga postural) ser bem popularizada no Ocidente, o Yoga começa com os Yamas, as condutas éticas e morais. Se Yoga é união e integralidade consigo e com todos os seres à nossa volta, alguns pontos que nos afastam consideravelmente de tal condição precisam ser revisitados.
Um destes pontos é a veracidade, o segundo Yama, chamado Satya. A verdade proporciona o alinhamento interno, conhecido como Arjavan, a maturidade em escolher pensamentos que sejam coerentes com as palavras ditas e ações feitas. E por que escolher pensamentos? Porque eles podem nos aprisionar e, segundo a cultura védica, a maior limitação do ser humano está justamente na mente. A ignorância de ser escravo de si mesmo causa dor e incompreensão de um sentido maior da vida.
Observar os próprios pensamentos sem identificar-se é um grande primeiro passo para compreender limitações, incoerências e padrões. Escolher em qual pensamento irá destinar o tempo é uma grande sabedoria.
A verdade está pautada na realidade relativa e absoluta. Cada pessoa tem a “sua verdade”, o seu sentido na vida. Seguir esta “bússola”, sendo coerente consigo e com os demais, é defender a integralidade. Afinal, ninguém quer ser enganado. Nem nós mesmos. Para tal, o famoso ensinamento de Sai Baba:
“Falo aquilo que é verdadeiro, de forma agradável e somente se for útil. Antes de falar, pergunte-se: isso é gentil? Isso é necessário? Isso é verdadeiro? Ou tudo isso poderia melhorar no silêncio?
A integralidade proporciona calma e leveza e, segundo a escritura Yoga Sutras (sutra 2.37) também pode gerar “poderes”: “Quando o sadhaka (buscador) está firmemente estabelecido na prática da veracidade, suas palavras tornam-se tão potentes que, não importa o que diga, se realiza”.
Por outro prisma, o Yoga nos mostra a verdade absoluta. Aquela que é ilimitada, imutável e real. Tudo na vida é impermanente, mas existe algo em nós que é eterno e neste lugar, chamado de atman, encontra-se o ponto de referência no Yoga. Deepak Chopra, em seu livro As Sete Leis Espirituais do Yoga, afirma:
“O verdadeiro objetivo do Yoga é descobrir esse aspecto do nosso ser que nunca pode ser perdido. O seu emprego pode mudar, os seus relacionamentos podem mudar, o seu corpo pode mudar, as suas convicções podem mudar, os seus desejos podem mudar, as suas ideias sobre o seu papel no mundo podem mudar, mas a sua essência é a continuidade da consciência que não tem início nem fim. Os seus pensamentos, convicções, expectativas, metas e experiências podem vir e ir, mas aquele que está tendo a experiência- o experimentador- permanece”.
Texto: Renata Meire